17 outubro, 2021

A revolução tecnológica - por José Melo



Por José Melo

Quando fui Secretário Municipal em Custódia, identifiquei uma raridade nos depósitos da Prefeitura: uma antiqüíssima máquina de datilografia, da marca Remington, que segundo os mais velhos da época, fora a primeira a chegar em Custódia. Limpei-a, mandei recuperar, e guardar nos arquivos da Prefeitura, tendo em vista o seu valor histórico. Decorridos tantos anos, não sei se ainda existe. 

Fiz esse registro antes de sugerir às autoridades competentes, que seja feito um levantamento do patrimônio histórico de nossa cidade, começando pelos bens públicos. Isso porque, revendo minhas memórias, me veio a mente um momento significativo prá mim, e por extensão para Custódia. 

Era metade da década de oitenta. Na gestão do Prefeito Djalma, através de iniciativa do então Secretário de Obras Luizito, a Prefeitura adquiriu o primeiro computador a chegar em Custódia. Era montado em Recife, pela Empresa Elógica, que despontava no cenário comercial como uma das mais competentes na incipiente indústria da informática Nacional. Na verdade era um micro-computador pequeno, cujo formato era idêntico às CPUs de hoje, apenas que operava na posição deitada, diferentemente dos de hoje. Naqueles tempos ainda não existia o disco rígido, e todos os arquivos eram armazenados em disquetes 5/4, de tamanho um pouco maior que um CD de hoje. O pequeno monstrengo tinha um nome bem regional: Corisco. 

Seu sistema operacional era próprio, fora desenvolvido pela universidade Federal de Pernambuco, e recebeu o nome de SOC – Sistema Operacional Corisco. Para funcionar,era inserido o disquete do SOC em um drive, e conforme a operação a ser executada outro disquete era inserido no outro drive. Lembro bem que dispunha de dois programas principais: Uma planilha de cálculo, cujo nome não guardei, e o editor de textos, então denominado de Word Star. Nem precisa dizer o malabarismo que era feito para acentuar uma palavra, ou mesmo colocar um ponto ou uma vírgula. Não havia mouse, tudo era feito mediante a combinação de caracteres. 

Naqueles tempos, computadores ainda eram um sonho. Lembro que na década de setenta, ao fazer um curso no SERPRO, fui apresentado aquela que era a mais moderna e sofisticada máquina que a mente humana já havia construído: um imenso computador IBM que mais parecia uma engrenagem de uma pequena máquina tipográfica. 

Voltando ao Corisco, após realizada a compra, fui designado pelo Prefeito para fazer um estágio em Recife, na fábrica da Elógica, para aprender a operar aquela maravilha que era o Corisco. Durante uma semana eu, meu saudoso amigo Feitosa e, salvo engano o amigo Enildo, fizemos o estágio que nos consagrou como os primeiros Operadores de Computador da história de Custódia. 

Chegamos a Custódia trazendo aquela maravilha de equipamento: a CPU, o monitor ( acho que de 12”), de tela verde, o teclado, a impressora e um “pequeno” estabilizador de corrente. Para vocês terem uma ideia de como a tecnologia era apenas iniciante, o estabilizador de que lhe falo media aproximadamente sessenta centímetros de altura,com cerca de trinta centímetros nas laterais. Era tão pesado que possuía duas alças para ser removido de um para outro local. A impressora não ficava atrás: uma matricial com aproximadamente oitenta centímetros de largura, por cerca de trinta de altura. 

Devidamente instalado em uma sala especial, o então Centro de Processamento de Dados da Prefeitura de Custódia causou frisson na cidade. Diariamente apareciam pessoas para conhecer aquela Maravilha. Afinal de contas, era algo inusitado e estava em evidência na época. 

Até a minha aposentadoria, tais equipamentos ficavam guardados no almoxarifado da Prefeitura. Seria de muito bom proveito se o Senhor Prefeito mandasse verificar, catalogar esses equipamentos, e iniciar uma coletânea de bens históricos, para quem sabe num futuro próximo Custódia vir a contar com seu acervo histórico em um Museu Municipal.

Um comentário:

  1. Zé Melo.
    Vç ratificou uma ideia que expressei em comentário postado sob o titulo: DA LIDIA E LEU DA SAMAMBAIA.Veja lá.
    Este acervo todo que faz a história de Custódia, precisa ser reunido numa espécie de museu municipal.
    Entretanto, precisávamos ter alguem local interessaldo no assunto.Humberto Guerra e outros ligados à cultura, poderiam ser parceiros neste empreitada.
    Abrços.
    Fernando Florencio
    Ilheus/Ba

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