02 setembro, 2020

Jornal Custodianas - por José Melo


Observando o número de órgãos de comunicação hoje existentes na nossa sofrida região, voltei no tempo e me vi em plena década de sessenta, início da de setenta, faminto por informação em busca de leitura de textos que retratassem a nossa realidade. Não me apetecia a leitura dirigida de jornais – raros naquela época, revistas – caras e difíceis de encontrar. 

E eis que recordei a alegria e satisfação que sentia ao pegar um exemplar surrado, passado de mãos em mãos, do semanal mais divertido e cultural que a minha Custódia já teve: “Custodianas”, criação de uma dupla de jovens e dedicados conterrâneos que, usando pseudônimos interessantes semanalmente mostravam a sua criatividade, cultura humor e compromisso social: Ernani Quintine Jásper, que ocultava o nome do culto Professor, Advogado, Escritor e Acadêmico Dr. Ernesto Queiroz Júnior, e Pierre Pedrosa Sobral, assinatura do meu compadre e amigo Dr. Pedro Pereira Sobrinho, exímio orador, detentor de uma cultura extraordinária, a quem chamo de bi-doutor, por ser advogado e odontólogo. 

Isso sem contar vários colaboradores, como Silvio Carneiro, cujo pseudônimo o tempo me fez esquecer, sem, no entanto jamais esquecer a figura extraordinária que foi o Professor Sílvio. Inteligente, preparado, comprometido com nossa terra, foi educador, Professor, diretor, e principalmente amigo dos estudantes. Como Prefeito, iniciou uma completa mudança no estilo administrativo de nossa cidade, contemplando aspectos gerenciais ainda não implantados na terrinha.

Mas aqui quero falar mesmo é da satisfação de ver hoje não apenas Custódia, como toda a região, inserida no mundo da comunicação, através de instrumentos os mais diversos, como a internet, com blogs com um conteúdo invejável, como “Custódia, terra querida”, do amigo Paulo Peterson, as emissoras de rádio – duas em Custódia, os periódicos, enfim, toda uma rede de comunicação levando a informação aos quatro cantos do mundo. Graças a essa rede, aspectos históricos, culturais, políticos e sociais antes ignorados são levados ao conhecimento geral.

“Custodianas” representou muito na minha formação. Posso dizer até que foi o “culpado” pelo fato de hoje eu ter o hábito de escrevinhar alguns textos, como pura diversão. Explico: Ao ler aquele semanário, eu me sentia parte daquelas situações, vez que os personagens citados eram todos conhecidos de todos. As piadas eram contadas nomeando pessoas da cidade; os fatos reais eram relatados identificando todos os personagens. Era feito o registro de tudo que ocorria na cidade. 

Na educação, na sociedade, no comércio, enfim, todas as atividades tinham o registro do jornalzinho “Custodianas”. Depois de cada festa realizada – raras, naquele tempo, a edição seguinte era aguardada com ansiedade por todos. Além do registro do evento, vinham as brincadeiras com membros da sociedade local. Eram noticiados os namoricos, as gafes, enfim era feito uma radiografia completa de cada evento.

Tal gama de informações poderia gerar problemas para os editores, no entanto jamais tomei conhecimento de que alguém ficasse chateado comas brincadeiras ou piadas ali publicadas. Isso porque acima de tudo havia respeito, as brincadeiras eram leves, descontraídas, diferente do que vemos, por exemplo, em murais de sites por aí.

Marcou época o “Custodianas”. Pena que não exista um acervo daquele periódico, para estudo, pesquisa e até para uma melhor compreensão daquela época.

Por JOSÉ SOARES DE MELO


2 comentários:

  1. Breno - Minas Gerais13 de abril de 2011 às 08:44

    Bom dia. Preciso fazer contato com um Maçom da cidade de Custódia.
    Voce pode me ajudar??

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  2. Meu e-mail e breno_bd@yahoo.com.br

    Obrigado

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